terça-feira, 12 de abril de 2011

Projeto Cultural 3 - Matéria do Jornal Valor Econômico sobre Ministério da Cultura

Prezados alunos,
Conforme combinado em sala de aula, disponibilizo abaixo a matéria do jornal Valor Econômico, publicada em 08 de abril de 2011. Faremos um debate na aula do dia 13 de abril de 2011.
Tenham uma boa leitura.
Abraços da
prof. Tetê Mattos


MinC: a nova gestão coloca suas prioridades

Criação estará no centro da atuação, diz Grassi

Política cultural: Em meio a chuva de críticas, presidente da Funarte
anuncia mudanças e promete mais personalidade à nova gestão do Ministério da
Cultura.

Ele começa a entrevista avisando que prefere falar apenas dos assuntos da
Funarte, mas logo discorre sobre os principais temas em voga da cultura
brasileira. Antônio Grassi, presidente da Fundação Nacional de Artes, a
Funarte, está em casa: recebe a reportagem caminhando pelos corredores do
Palácio Capanema, no Rio, sede da instituição, distribuindo sorrisos entre
os funcionários como quem sabe onde pisa. E sabe. Após ocupar o cargo entre
2003 e 2007, de onde saiu por supostamente pleitear a cadeira do então
ministro da Cultura Gilberto Gil, Grassi retoma o posto anunciando o retorno
de ações existentes na sua última passagem pela casa, como os Projetos
Pixinguinha e Mambembão, e promete mudanças, como uma maior aproximação
entre Funarte e Ministério da Cultura (MinC).

O homem forte da ministra Ana de Hollanda, rótulo que elegantemente prefere
rejeitar, apresenta a nova filosofia de trabalho: "Houve um momento em que
se fomentou a importância de fazer inclusão social por meio da arte, e a
excelência artística ficou em segundo plano. Foi necessário estabelecer que
cultura não é apenas balcão para atender artistas. Hoje, no entanto, preciso
dizer: artista também é cultura", afirma o ator, produtor e diretor mineiro,
de 56 anos. "No nosso governo, a criação vai estar no centro de atuação do
ministério."

Com esse posicionamento, fatos recentes como o fortalecimento da Secretaria
do Audiovisual, a inflada defesa dos direitos do autor e a reunião promovida
entre cineastas e governo oferecem sinais de que existe, sim, uma orientação
traçada e organizada em curso. Até o momento, o visível desconforto com os
restos a pagar de R$ 450 milhões deixados pela gestão do ex-ministro Juca
Ferreira e a ausência de opiniões claras sobre ações da administração
anterior propiciaram um clima de incerteza, críticas e aparente falta de
personalidade que Grassi está empenhado em desfazer.
"Essa impressão de que ainda estamos pisando em ovos tem a ver com
dificuldade de colocar a máquina para funcionar a pleno vapor. Leva meses
para termos toda a equipe nomeada."

Entre as acaloradas discussões em que se viram envolvidos esteve a polêmica
autorização concedida pelo MinC à captação de R$ 1,3 milhão para produção de
um blog com vídeos de Maria Bethânia. Nas redes sociais, choveram críticas
ao alto valor que contemplaria um nome já estabelecido. "Nessa discussão a
gente vê o preconceito e a condenação do artista. É como se uma cantora
famosa não tivesse direito a captar recursos", defende.

Diante de outros temas espinhosos, como as reformas da Rouanet e da lei dos
direitos autorais, Grassi explica que se optou por tomar pé da situação,
devolvendo as discussões novamente à sociedade. A polêmica modificação na
Rouanet que obriga maiores investimentos dos empresários, por exemplo, é
item ainda aberto ao diálogo. "Passado esse momento de azeitamento da equipe
e serenados os ânimos, a linha de atuação do ministério aparecerá com mais
clareza. É preciso ter cabeça fria e estar acima dessas polarizações."

Quando o assunto é Funarte, o semblante de Grassi torna-se mais vibrante.
Apesar dos cortes e contingenciamento deste ano, o orçamento autorizado do
órgão é de R$ 54 milhões. "São R$ 7 milhões a mais do que meu último ano
aqui, em 2006." Nesta semana, entre os assuntos que tratou em Brasília,
esteve a liberação de R$ 14 milhões, até maio, para cobrir o Programa
Microprojetos Mais Cultura - Amazônia Legal. Em pauta também o pagamento dos
R$ 48 milhões dos editais do Procultura, que não sairão dos cofres da
Funarte, responsável apenas pela curadoria.

Quitados os compromissos, virão as novidades: "Vamos investir R$ 10 milhões
em editais de ocupação dos 20 espaços da Funarte, voltados para a
programação do segundo semestre", anuncia. Projetos como Mambembão e
Pixinguinha, destinados à circulação de artistas musicais e peças de teatro,
devem ser reativados. Também está prevista a realização de projetos da Rede
Nacional das Artes Visuais e compromissos internacionais, como a Bienal de
Veneza e a Quadrienal de Praga. No centro do planejamento está o crescente
papel estratégico do órgão: "Nossa relação com o MinC mudará. É importante
que a Funarte esteja inserida nas discussões da pasta, junto com as
secretarias. Com esse time formado, poderemos começar a mostrar a cara de
cada instituição."